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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

MÃE PERGUNTA, MÃE RESPONDE - Por Paula Vaz




Olaaaa pessoal... que saudade!

Me desculpem pelo sumiço, mas como vocês sabem, ou melhor, eu ainda vou contar tudo, rssss… os últimos meses foram meses de mudanças radicais em nossa vida e rotina.
Mas agora nos organizando melhor, bora voltar com nossas postagens.

E nada melhor que recomeçar com uma super historia verídica de batalha pela vida, superação e maternidade.

Estamos de volta com o MÃE PERGUNTA, MÃE RESPONDE!

Este post recheado de emoção conta um pouco de nossa querida Paula Vaz, uma mulher guerreira que tive o prazer de conhecer  na escolinha em que Duda estudava em Belo Horizonte. Mãe, empreendedora e atualmente  também colunista do Conecta Mães BH, com a coluna "Ser Feliz é um Hábito". Paula vem nos ensinando com sua trajetória de vida e lindos textos que podemos sim transformar a FELICIDADE EM ROTINA!

1 – Seu maior motivo de acordar todos os dias é:

Saber que tenho mais um dia de vida ao lado da minha filha, do meu irmão e das pessoas que mais amo no mundo é algo Divino! Poder amar e cuidar da minha família, é algo mágico.
Sou muito grata em poder acompanhar o desenvolvimento da Sofia (3 anos já), poder vê-la descobrir as palavras, os significados, as emoções das suas pequenas descobertas, me pedir abraços várias vezes ao dia, ouvi-la dizer “eu te amo” quando já esta quase pegando no sono, é isso que me faz acordar e seguir firme nessa vida!

2 – Seu maior prazer é:

Sou uma pessoa otimista, que sempre alimenta pensamentos positivos, que alimenta o riso fácil, de muitas amizades verdadeiras, que gosta de distribuir amor, e de ajudar quem está próximo e precisa mais do que eu e isso me faz feliz, me dá prazer!
Também me sinto orgulhosa quando vejo que toda essa minha energia positiva vem sendo transmitida para a minha filha. Ela é uma criança feliz, carinhosa, que ama gargalhar, e fazer a gente sorrir (até fazendo cócegas mesmo).
Tem algo nela que é muito especial, quando percebe que estou triste, ou desanimada por algum motivo, ela chega perto, me alisa o rosto e pergunta: 
“ Mamãe, você ta feliz? Então sórri !!! (assim mesmo com acento agudo, como se fosse uma ordem rs) E logo dá aquele sorriso mais lindo e cativante, impossível de resistir e não melhorar o astral !!

3 – Como foi descobrir a gravidez?

Minha historia parece de novela, descobri minha gravidez com 21 semanas e 6 dias de gestação (5 meses, isso mesmo!). Eu fazia um tratamento para gastrite meses antes de engravidar, então tomava uma medicação que já alterava meu ciclo normalmente.
Daí fui fazer novos exames para descobrir porque o tratamento não estava surtindo efeitos e logo dei de cara com o Exame Beta HCG na casa dos 17.000! E minha azia interminável estava explicada!rs
Hoje posso rir, mas levei o maior susto da terra! Eu e o pai da Sofia tivemos uma relação conturbada, aos poucos fui descobrindo que apesar de muito insistirmos, não daríamos certo juntos e decidi por um fim antes mesmo de descobrir meu pequeno milagre, minha pequena Sofia já existia.
Digo pequeno milagre, pois durante o tratamento da gastrite, tomei remédios fortíssimos, que jamais poderiam ser prescritos se tivesse certeza de uma gravidez.  Porém, incrivelmente, com dois destes medicamentos eu tive certa implicância, e resolvi parar por conta própria, antes mesmo de voltar ao médico. E como um milagre de Deus, os dois medicamentos eram os únicos que poderiam prejudicar o desenvolvimento neurológico do bebê, e com a mao de Deus me amparando desde sempre, a Sofia nasceu simplesmente perfeita!!
Como já não estava junto com o pai da Sofia, a primeira pessoa que contei da gravidez foi minha mãe (que chamo de “mainha”), que ficou encantada com a notícia de que seria vovó, e confessou que fazia poucos dias que havia sonhado que eu ia ser mãe de menina! Detalhe, nesse momento eu ainda não havia feito exame de imagem para saber do sexo do bebe e ela já cantou a pedra.
Ela me ajudou a acreditar que teríamos tempo suficiente para montar o enxoval, para acreditar que nos próximos 4 meses que faltava para nascer faríamos tudo com o maior amor e cuidado para a chegada dessa graça de menina que mudaria pra sempre nossas vidas!!
E assim segui, dia após dia, com as compras das roupinhas fofas, dos mimos que os amigos davam, com os mimos que a vovó comprava, com os enfeites do quartinho que eu “bolava” e a vovó costurava, aos poucos, com estes pequenos passos, fui dando conta de que seria mãe pela vida toda...e respirei...e sentei para acalmar o passo... e chorei de medo...e sorri ao ver o sorriso da minha mãe...e sorri quando senti a Sofia mexer pela primeira vez...e chorei com o primeiro ultrassom... e sorri de alegria ao surpreender minha família(tios e  primos) com a notícia, enfim, muitas, muitas emoções!!rs

4 - Sua gratidão é:

Estar viva e com a sensação de ter aprendido muito com as dificuldades que vivi. Vou resumir o que chamo de período de renascimento, sim renasci para a vida!
Como disse antes, a descoberta da minha gravidez foi um grande susto, mas também posso dizer que tinha que ser exatamente dessa forma.
Com as mudanças hormonais da gravidez, tive algumas alterações em exames que só poderiam pesquisar mais a fundo depois que minha filha nascesse. E assim o fiz. Esperei a Sofia nascer e tranquilamente o período da amamentação (6 meses) passar, para então pesquisar um exame que tinha dado alterado durante a gestaçao (Exame FAN- Fator Anti Nuclear).
Esse exame compreende doenças chamadas de auto imunes, como Lúpus, Psoríase, doenças reumatológicas em geral, o que já me assustou de cara. Porém, o resultado falso positivo desse exame, indicava tumor cancerígeno no organismo. E desde esse momento já não sabia por qual resultado eu esperava mais, ou qual seria menos pior.
Depois de muito cuidado e pesquisando inúmeras possibilidades de doenças, quando Sofia completava o oitavo mês de vida, foi constatado um tumor maligno no intestino grosso e reto. Imediatamente já me pediram para suspender a amamentação pois eu precisava de radioterapia e quimioterapia imediatas para reduzir o tumor e depois poder pensar em retirar por cirurgia.
Nesse tempo, minha mãe que também era acompanhada por uma oncologista, fazia um controle de câncer de mama metastático (sem cura) e que já estava estabilizado há anos, ou seja, anos que a doença não avançava; ao receber a notícia do meu diagnóstico, ficou tão abalada emocionalmente (e inconscientemente) que deu início a progressão da doença dela. Simplesmente parou de conseguir beber ou comer, nada passava na garganta! Não descia a idéia de sua “preta” também receber a “marca” do sofrimento do câncer!
Posta essa situação, minha mãe internada, meu irmão ficando junto dela no hospital, eu em processo de radioterapia( toda queimada) e quimioterapia ,  minha filha com 8 meses ainda precisando de cuidados, fomos acolhidas na casa de uma tia (minha segunda mãe) que morava mais próxima dos hospitais que eu e minha mãe fazíamos o tratamento. Ela deu comida na boca da minha filha, da minha mãe e fez comidinhas especiais pra tentar me fazer comer (pois com a quimio era quase impossível comer)! Imagino que nem todo mundo pode contar com uma família amorosa e forte como a que eu ganhei!!
Essa tia cuidou de nós três como se fossemos filhas dela, até passar pomada de assadura em mim ela passou, meus primos e tios faziam de tudo para que ficássemos bem, ficássemos bem acompanhados, seguros, nos sentíssemos amados! Como não me sentir grata, com o coração acolhido?!
Foram meses de quimioterapia e radioterapia para reduzir o tumor, e evitar assim uma possível amputação do anus, depois passei pela cirurgia para retirar 1 metro e 20 cm de intestino grosso junto com o tumor, nesta mesma cirurgia ganhei uma bolsinha de ostomia (por onde saem as minhas fezes) que salvou minha vida, depois foram mais 11 meses de quimioterapia para evitar que o câncer voltasse. Nesse período, tive que lidar com a progressão da doença da minha mãe, e no mês do dia das mães de 2015 ve-la partir, levando parte do meu coração junto!
 Deus me permitiu ir me despedindo dela ao longo de 4 meses sofridos de internação, pude ver nos olhos dela a tristeza de ter estar perdendo a batalha para o câncer, de deixar nesse mundo a neta que foi tão esperada, amada e celebrada, de não poder ver o sorriso diário dessa netinha colada no seu colo, mas também pode se despedir com a certeza de que sua vida foi um exemplo de amor, cuidado e grandeza. Minha promessa em seus minutos finais de vida foi de deixar VIVA sua história de luta, de exemplo, de cuidado e de amor para a Sofia, para meu irmão, e quem mais quisesse conhecer a fortaleza dessa mulher! E assim transformar essa mulher de LUZ eterna em nossos corações!! O AMOR me transformou, ou melhor me curou...hoje sou grata e feliz por poder contar com a força dessa história viva em mim!!
Sou grata demais, ando sempre com muita gratidão no coração !! Não poderia ser diferente! Sempre muita GRATIDÃO!

5 – O que mudou depois da maternidade?

Absolutamente tudo! Digo tudo porque sinto ter me transformado numa pessoa melhor depois da maternidade. Mudei meu jeito de encarar a vida, de enxergar as pessoas, de ser mais complacente com os defeitos das pessoas, passei a repensar meus pontos de vista, minhas crenças, minhas ações.
Mudei a forma de ver maldade em brincadeiras, mudei o jeito de olhar para o meu futuro, por isso digo que tudo mudou. Graças a Deus o melhor de mim estava guardado para ser partilhado ao lado da minha filha.
Me descobri mais amorosa, mais paciente, mais prendada, mais divertida, mais precavida (levo roupas de frio para qualquer lugar que eu vá com a Sofia rs), mais responsável, mais comedida, e principalmente, mais grata!

6 – Na sua opinião, qual seria o trabalho ideal para mamães?

No mundo ideal, acho que deveríamos ser remuneradas por cuidarmos de casa, dos filhos, por educarmos, por acalentarmos, por cuidarmos de cada detalhe dessas vidas que nos dão mais sentido!rs
Brincadeiras a parte, acredito que o trabalho ideal seria aquele em que pudéssemos ficar mais tempo com os filhos, que tivéssemos como acompanhá -los de perto, de darmos atenção de qualidade. Por enquanto, o que mais se aproxima disso é um trabalho viabilizado via internet, o relacionamento com clientes através do contato online, agendamento de reuniões e encontros presencias , venda de produtos através de loja virtual, algo dessa natureza.
E desta forma, tenho conseguido isso através de um negocio como Empreendedora Polishop. Aos poucos pretendo retomar meu contato com minha profissão de formação, que é psicóloga, mas ainda não foi possível.

7 – Para você, quais os principais desafios em conciliar maternidade e trabalho?

Mesmo com este caminho de trabalho ideal se dar através de home Office, internet, loja virtual e tudo o mais, minha filha tem energia suficiente para não deixar que eu fique por mais de meia hora trabalhando sem me interromper no computador.  E digamos que por mais que o trabalho possa render muito em casa, é preciso sim dispor de tempo e muito foco para funcionar como se fosse um trabalho externo.
Nossa rotina fica bem dividida e tento concentrar meu tempo de trabalho no período em que a Sofia está na sua soneca da tarde (e isso se estende por umas 2 horas), e também durante uma das atividades favorita dela, pintura. Ela pinta todos os dias, vários cadernos, telas e pinta o sete também! Mas isso me permite ter a tranqüilidade que preciso para desenvolver o trabalho.
Depois da maternidade, parece que nossa capacidade de organização, administrar o tempo, e resolver situações com objetividade aumenta consideravelmente. Não que sejamos impecáveis com tudo, não mesmo, somos falhas e isso é natural por termos tanto a resolver, mas que toda mãe parece conseguir se organizar nas suas múltiplas funções e papeis com mais destreza e habilidade do que muitos, disso não tenho dúvidas!

8 – Pretende ter mais filhos?

Bom, eu tenho sim o desejo de ser mãe de pelo menos mais uma criança, mas não posso mais gerar.
Com o tratamento do câncer de intestino, a radiação e quimioterapia específica para região da pelve, tive o sistema reprodutor atrofiado, menopausa por fator químico e infertilidade permanente.
Penso que os planos de Deus são perfeitos! Tive minha filha não programada sim, antes de descobrir o câncer, quando minha mãe ainda tinha saúde para me ajudar a cuidar dela( mesmo com as alternadas internações, ela cuidou como ninguém da Sofia) , e um aprendizado infinito sobre o amor, sobre o valor da vida, sobre terminalidade, enfim, sobre o sentido que uma criança pode trazer a vida!!
Tenho um peito cheio de amor, quero muito adotar uma criança ainda, mas quero fazer quando pelo menos estiver com certa tranqüilidade com relação ao controle do câncer. Atualmente faço controle sistemático com oncologista de 2 nódulos pulmonares que surgiram ainda durante a quimioterapia, e dessa forma, não me sinto no direito de trazer mais uma vida para cuidar e amar, mas com a possibilidade de daqui um tempo não saber como vai ser minha vida em relação ao tratamento, se dependerei de outras pessoas para cuidar da minha Sofia enquanto me trato. Não me sinto no direito de colocar essas incertezas na vida de outra criança, mesmo que minha intenção seja a mais nobre possível com a ideia da adoção!

9 – O que mais te encanta em seu(s) filho(s)?

Minha filha é de uma alegria contagiante! Ela é sensível e amorosa, impossível não me encantar com ela. Parece até que a herança genética foi a alegria de viver, o hábito de ser feliz e grata, apesar de qualquer problema.
Digo isso pq nesse tempo de 3 anos de vida, ela teve que lidar com emoções e sentimentos atípicos para uma criança dessa idade, normalmente.
Pelo fato de não ter o contato próximo com o pai (por opção dele), ela já presenciou algumas situações de rejeição e lidou de forma surpreendente com isso. Pelos dois primeiros anos da Sofia, eu tentei ajudar na construção dos laços com a família paterna, levei inúmeras vezes ate a casa do pai que mora longe do nosso bairro, fiz as vezes de facilitadora da comunicação entre eles, já que inicialmente eram totalmente estranhos aos olhos da Sofia.
E aos poucos fui percebendo que esta postura de aproximação só da minha parte não estava funcionando, e que quando não há o desejo da outra parte em aproximar e construir laços , é muito difícil de obter bons resultados. Nesta história os questionamentos da Sofia sempre apareceram, algumas grandes frustrações mas no final, ela sempre conseguiu encontrar sorriso no rosto! E tem sido esse mesmo sorriso e alegria, que aos poucos e com muita calma, sinto que tem “despertado” o amor da família paterna, mesmo que inicialmente signifique um contato maior com os tios e avó, e não propriamente com o pai. Acho que este ser chamado Sofia, veio trazer LUZ para muita gente...e a alegria de te-la feliz partilhando vida, é o melhor presente de todos! A alegria dessa pequena é o que mais me encanta na vida!

10 – Ser mãe é?

Ser mãe é como ter o nosso coração do lado de fora do peito. É se inundar com as maiores emoções que existem, é saber que nos foi dada a maior e melhor missão de cuidar e amar este pequeno ser de luz. É saber que nada da minha vida de antes da maternidade será igual, e ser grata por isso.
Ser mãe é enxergar e sentir as bênçãos de Deus todos os dias nos amparando. É querer ser eterna no mundo para seguir cuidando da filha. Ser mãe é sentir na pele todo o esforço e dedicação que nossas mães tiveram conosco, e entender a incondicionalidade de amor!
Ser mãe é colocar-se em segundo plano e sentir que esta fazendo o melhor que é possível para o filho! É esconder as dores e chorar em silencio com nossas próprias tristezas, pois não queremos que o filho sinta nem uma pontinha de energia negativa dessa forma!
É tirar forças de onde não sabemos para sorrir junto e dar o melhor de nós mesmos para cuidarmos da nossa extensão em miniatura. É saber que o amor sempre nos deixará viva, não importando o que aconteça no futuro!
Ser mãe é tentar escrever a melhor história para deixar como legado, é tentar conciliar qualquer desavença e permitir que as histórias mais enriquecedoras cheguem até o filho. É um refazer-se constante no mundo, é um eterno vir-a-ser para o melhor! É ser transformada pelo amor! É cuidar e amar como se não houvesse amanhã ! E ser grata por poder viver esse dom!

11 – Como é a rotina da família?

Aqui em casa somos três: meu irmão Felipe, a Sofia e eu. Pela manha costumo organizar a casa ,fazer nossa comida, guardar os muitos brinquedos espalhados por todos os lugares, enquanto Sofia dorme, e meu irmão sai para trabalhar.
No período da tarde ficamos só nos duas e é o período das nossas principais atividades. Brincamos juntas por um tempo, em seguida tem o banho divertido e relaxante. Sofia não abandona seu soninho da beleza (rs), todos os dias descansa e esse é o tempo que encontro para focar no trabalho, agendar reuniões, fazer contatos, apresentações do negocio, enfim, desenvolver como possível.
Depois que ela acorda temos mais um tempo de brincadeiras, bonecas, pinturas, ate que o tio Felipe chegue em casa e brinque por mais tempo juntos.
Costumamos passear no fim da tarde, Sofia ama pracinhas e interagir com outros coleguinhas. No meu trabalho também consigo visitar muitos amigos, fazer minhas apresentações enquanto ela brinca com os filhos dos amigos, e assim passamos nosso dia inteiro juntas.

A noite sempre tem uma historinha ou então ela pede para assistir aos vídeos que a vovó gravava para ela, fotos também são sempre lembradas. E assim adormecemos juntinhas também.

Foto Pessoal


Aiiii... que lindezaaaa....

Ate o próximo texto!

By,
Natália Gonçalves 
Mãe, empreendedora e blogueira

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